Cancro Mole
Doença
de transmissão sexual, muito freqüente nas regiões tropicais. Caracteriza-se
por apresentar lesões múltiplas (podendo ser única, habitualmente dolorosa).
Inicia com pápula ou pústula que rapidamente se transforma em ulceração de
borda irregular, com contornos eritemato-edematosos e fundo coberto por
exsudato purulento e/ou necrótico, de coloração amarelada e odor fétido. Quando
o exsudato é removido, revela tecido de granulação com sangramento fácil. No
homem, as localizações mais freqüentes são no frênulo e no sulco bálano
prepucial; na mulher, na fúrcula e na face interna dos grandes lábios. No colo
uterino e na parede vaginal, podem aparecer lesões que produzem sintomas
discretos. Nas mulheres, a infecção pode ser assintomática. Lesões
extragenitais têm sido assinaladas. Em 30 a 50% dos pacientes, os linfonodos
são atingidos, geralmente, inguino-crurais (bubão), sendo unilaterais em 2/3
dos casos; observados quase que exclusivamente no sexo masculino pelas
características anatômicas da drenagem linfática. No início, ocorre tumefação
sólida e dolorosa, evoluindo para liquefação e fistulização em 50% dos casos,
tipicamente por orifício único.
Sinônimos de cancro mole
Cancróide,
cancro venéreo simples.
Etiologia
Haemophilus
ducrey, bastonete gram negativo.
Reservatório
O
homem.
Modo de transmissão
Sexual.
Período de incubação
De
3 a 5 dias, podendo atingir 14 dias.
Período de transmissão
Sem
tratamento, semanas ou meses (enquanto durarem as lesões). Com
antibioticoterapia, 1 a 2 semanas.
Diagnóstico
Clínico,
epidemiológico e laboratorial. Feito por exame direto: pesquisa em coloração,
pelo método de Gram, em esfregaços de secreção da base da úlcera ou do material
obtido por aspiração do bulbão. Observam-se, mais intensamente, bacilos gram
negativos intracelulares, geralmente aparecendo em cadeias paralelas,
acompanhados de cocos gram positivos (fenômeno de satelismo). Cultura: é o
método diagnóstico mais sensível, porém de difícil realização pelas
características do bacilo.
Tratamento
Azitromicina,
1g, VO, dose única; sulfametoxazol, 800mg + trimetoprim, 160mg, VO, de 12/12
horas, por 10 dias ou até a cura clínica; tianfenicol, 5g, VO, em dose única ou
500mg de 8/8 horas; estereato de eritromicina, 500mg, VO, de 6/6 horas, por, no
mínimo, 10 dias ou até a cura clínica; tetraciclina, 500mg, VO, de 6/6 horas,
por, no mínimo, 10 dias. O tratamento sistêmico deve ser acompanhado de medidas
de higiene local. Recomendações: o acompanhamento do paciente deve ser feito
até a involução total das lesões; é indicada a abstinência sexual até a
resolução completa da doença; o tratamento dos parceiros sexuais está
recomendado mesmo que a doença clínica não seja demonstrada, pela existência de
portadores assintomáticos, principalmente entre mulheres; é muito importante
excluir a possibilidade da existência de sífilis associada, pela pesquisa de
Treponema pallidum na lesão genital e/ou por reação sorológica para sífilis, no
momento e 30 dias após o aparecimento da lesão. A aspiração, com agulhas de
grosso calibre, dos gânglios linfáticos regionais comprometidos pode ser indicada para
alívio de linfonodos tensos e com flutuação; é contra-indicada a incisão com
drenagem ou excisão dos linfonodos acometidos.
Características epidemiológicas
Ocorre
principalmente nas regiões tropicais, em comunidades com hábitos precários de
higiene.
Objetivos da vigilância epidemiológica
A) Interromper
a cadeia de transmissão através da detecção e tratamento precoces dos casos e
dos seus parceiros (fontes de infecção);
b) prevenir
novas ocorrências por meio de ações de educação em saúde.
Notificação
Não
é doença de notificação compulsória nacional. Os profissionais de saúde devem
observar as normas e procedimentos de notificação e investigação de estados e
municípios. A Coordenação Nacional de DST e AIDS, do Ministério da Saúde, está
implantando um sistema de fontes de informações específicas para as doenças
sexualmente transmissíveis, visando o aprimoramento de seu controle.
Medidas de controle
a) Interrupção
da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos pacientes com DST e seus
parceiros para diagnóstico e terapia adequados;
b) Aconselhamento (confidencial): orientações ao
paciente, fazendo com que ele discrimine as possíveis situações de risco
presentes em suas práticas sexuais; desenvolva a percepção quanto à importância
do seu tratamento e de seus parceiros sexuais e promoção de comportamentos
preventivos;
c) Promoção
do uso de preservativos - método mais eficaz para a redução do risco de
transmissão do HIV e outras DST;
d) Convite
aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de preservativos (deve-se
obedecer aos princípios de confiabilidade, ausência de coerção e proteção
contra a discriminação);
e) Educação
em saúde, de modo geral. Observação: As associações entre diferentes DST são
freqüentes, destacando-se, atualmente a relação entre a presença de DST e aumento
do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais.
Desse modo, o profissional de saúde deve orientar o paciente e solicitar
sorologia para detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou
mais DST. Portanto, toda doença sexualmente transmissível constitui-se em
evento sentinela para busca de outra DST e possibilidade de associação com o
HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério da Saúde vem implementando
a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST, visando aumentar a sensibilidade
no diagnóstico e tratamento dessas doenças, para alcançar maior impacto no seu
controle.
Gostei muito da pesquisa é sempre bom saber mais... Meia parabéns meninas
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